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sábado, 7 de janeiro de 2012

As relações entre Arte e Tecnologia

WebArt - Arte e tecnologia
 
"Nossas belas-artes foram instituídas e seus tipos e usos fixados, num tempo bem distinto do nosso, por homens cujo poder de ação sobre as coisas era insignificante comparado ao que possuímos. Mas o espantoso crescimento de nossos instrumentos, e a flexibilidade e precisão que eles atingiram, as idéias e os hábitos que introduziram nos asseguram modificações próximas e muito profundas na antiga indústria do belo. Há em todas as artes uma parte física, que não mais pode ser vista e tratada como o era antes, que não mais pode ser subtraída à intervenção do conhecimento e do poderio modernos. Nem a matéria, nem o espaço, nem o tempo são, há cerca de vinte anos, o que sempre haviam sido. É de se esperar que tão grandes novidades transformem toda a técnica das artes, agindo assim sobre a própria invenção e chegando mesmo, talvez, a maravilhosamente alterar a própria noção de arte.”
Contemporaneidade, premonição, clareza. Poucas passagens problematizariam tão bem as relações da arte com a tecnologia da Internet como o trecho citado acima. Chega a ser espantoso que tenha sido escrito há 63 anos, mais precisamente em 1934, pelo poeta Paul Valer, em seu livro La conquête de lubiquité. O trecho é mais conhecido no Brasil por ter sido escolhido como citação de abertura do ensaio A Obra de Arte na Época de sua Reprodução Técnica, publicado em 1936 por Walter Benjamin.

Reprodutibilidade, multiplicação, sincronicidade. É quase desnecessário ressaltar a importância do texto de Benjamin, um dos marcos na reflexão crítica sobre a produção cultural do século XX. Ainda que o ensaio de Benjamin tenha no horizonte apenas os meios de reprodução existentes em sua época pré-midiática, é no mínimo esclarecedor pensar a possibilidade de uma arte criada na Internet e para a Internet dentro dos marcos originais lançados por seu ensaio.

A Obra de Arte na Época de sua Reprodução Técnica propõe uma mudança nos conceitos da estética clássica, acreditando que a possibilidade de reprodução quase infinita das imagens altera o cerne da experiência artística. A reprodutibilidade enterraria de vez conceitos como a aura, o valor cultural e a autenticidade.

Benjamin apontava essa mudança como positiva, por desmascarar a ideologia elitista da estética ocidental. Para ele, a arte não deveria ser pensada em oposição à indústria cultural, mas dentro dela. E as tecnologias seriam instrumentos para desmistificar teorias supostamente universais do belo, mostrando que, na verdade, elas não passavam de visões de classe sobre códigos socialmente compartilhados de comunicação.

É dentro desse universo estético e teórico que imaginamos uma mostra de web art para o evento Arte e Tecnologia. Uma mostra que pretende se constituir num site dinâmico e permanentemente atualizado, um lugar na rede que abrigue de maneira viva os questionamentos sobre a obra de arte na época de sua ubiqüidade.

Agora não se trata mais de produzir uma arte sobre suportes como a tela ou o filme fotográfico, para depois proceder à sua reprodução. Se houver uma arte na Internet, ela será infinitamente reproduzível. No momento mesmo em que conclui seu trabalho, o artista já pode ser visto e copiado por milhões de pessoas no planeta (e até fora dele: a rede também é acessada pelos ocupantes de estações espaciais). Se Benjamin viu na fotografia e no cinema o início da derrocada da aura e da autenticidade, não seria na Internet que elas desapareceriam de vez?

Essas foram as questões que orientaram nossa lista de convidados brasileiros para a mostra. E se dizemos aqui "convidados" em vez de "artistas", é porque o próprio conceito de artista deve ser recolocado na Internet. Seria possível pensar na figura de um web artista? Ou ele seria uma mistura de técnico, intelectual e artesão, como no Renascimento italiano? Quais as aptidões necessárias para criar arte na rede? Para tentar responder a essas perguntas, convidamos profissionais brasileiros das áreas de artes plásticas, design gráfico, vídeo e webmasters a mostrar trabalhos artísticos desenvolvidos especialmente para a Internet. Esses trabalhos podem ser vistos no site que montamos especialmente para a mostra.

Paralelamente, relacionamos vários endereços de trabalhos estrangeiros na World Wide Web, para que qualquer pessoa possa navegar até eles e comparar o estágio atual da web art brasileira com a produção no exterior. Aura, valor cultural, autenticidade: de nosso ponto de vista, pouco importa "onde" estão os trabalhos -se no Brasil ou nos EUA, se nos servidores do Itaú Cultural ou em outro computador qualquer. É nessa conjuntura que as questões da reprodutibilidade e da propriedade intelectual se colocam de maneira mais aguda.

Entretanto, a simples mostra não fecharia o ciclo de nossos questionamentos. Ainda seria necessária uma nova reflexão crítica, não sobre uma suposta "qualidade" dos trabalhos apresentados, mas acerca da especificidade da World Wide Web como meio de expressão artística. Para tanto, chamamos críticos, jornalistas e intelectuais ligados ao mesmo tempo ao mundo da cultura e da Internet para, após a abertura de nossa mostra, escreverem ensaios que questionem a possibilidade de uma arte feita na e para a Internet, em face dos trabalhos apresentados e/ou "linkados".

Ricardo Anderáos

De acordo com as informações contidas no texto de Ricardo Andreaós é possível perceber que a evolução tecnológica era prevista, porém sem imaginar o tamanho e as proporções que tomaria ainda no mundo contemporâneo.
As intervenções da tecnologia no campo artístico se tornaram indispensáveis por modificar o campo artístico com as inovações. A divulgação, as intervenções e a possibilidade do público interagir com a produção artística e oportuniza a aproximação deixando que sejam envolvidos pela arte, as formas são recriadas e se transformam. Será que se imaginava que a tecnologia e a arte se transformariam tanto? Acredito que talvez sim, pois o tanto o avanço tecnológico quanto as mudanças no meio artístico acompanham o desenvolvimento da humanidade em todas as suas evoluções e descobertas.
As formas de reprodução e divulgação atuais encorajam o artista a desenvolver seus trabalhos por atingir um número bem elevado de espectadores, tornando o trabalho conhecido expressando opiniões e críticas com as quais o artista pode aprimorar suas técnicas.
Certamente que a tecnologia e arte estão ligadas, porém não são as únicas formas de desenvolver um trabalho artístico ou uma apresentação se observarmos os trabalhos de gravura encontram grande aceitação do público. Mas, produzir trabalhos artísticos utilizando as tecnologias acompanha a humanidade na era tecnológica vivida atualmente, na qual todos os ambientes estão envoltos com a tecnologia.
Portanto, a arte não poderia deixar de utilizar essa ferramenta aderindo e transformando algumas técnicas, descobrindo novos rumos e se aproximando do espectador, que não é mais mero espectador e sim agente participativo ao interagir com as criações, modificando e auxiliando no desenvolvimento de suas próprias habilidades.
Fonte:
ANDERÁOS, Ricardo, Arte e Tecnologia – Arte Contemporânea com Novas Mídias o primeiro site brasileiro especializado. Disponível em Acesso em 06 de setembro de 2011.