O TEATRO GREGO
Surgimento
do teatro grego:
As origens do teatro grego
tem base nos valores estéticos e criativos, nas ações recíprocas de dar e
receber, prendendo os homens aos deuses e os deuses aos homens. Sua origem está
ligada aos mitos gregos arcaicos e à religião grega
O teatro grego surgiu a
partir da evolução das festas em honra ao deus Dioniso, o deus do vinho, da
vegetação, procriação e que proporcionava uma vida exuberante.
O período do séculos 6 a.C.
a 5 a.C. ficou conhecidos como o “Século de Ouro” do teatro grego, pois a
cultura grega atingiu o auge tendo em Atenas o centro das manifestações
teatrais juntando autores de todos os cantos da Grécia em festas de veneração a
Dioniso.
O que inicialmente era um bando
de gente cantando e dançando, com o passar do tempo vai se transformando em
grandiosas representações da vida do deus. Os ritos dionisos se desenvolveram
com o passar do tempo e resultaram em tragédia e comédia, e Dioniso se tornou
no deus do teatro.
O
teatro foi o setor mais importante da literatura grega. As peças eram
apresentadas em locais abertos, cuja construção se assemelhava aos modernos
estádios de futebol. Na plateia, homens, mulheres e crianças acompanhavam
atentamente as apresentações, que podiam durar dias e dias. Ir ao teatro era
uma forma de se educar, era como ir à escola.
Os
atores eram sempre homens, mesmo quando os papéis eram femininos, pois em quase
todas as polis, as mulheres não subiam ao palco para representar.
O
trajeto da Tragédia:
Tragédia, do grego “tragoidía” ‘tragos’=bode e ‘oidé’=canto.
O canto ao bode é uma manifestação ao deus Dioniso, que se transformava em bode
para fugir da perseguição da deusa Hera, algumas vezes esses animais eram
sacrificados em homenagem ao deus.
Se tratavam de histórias
dramáticas que foram incorporando a dança e o canto para mostrar a contradição
da benevolência e do horror de Dioniso (a encarnação da embriaguez e do
arrebatamento).
Era
constituída por cinco atos e, além dos atores, intervinha o coro, que
manifestava a voz do bom senso, da harmonia, da moderação, face à exaltação dos
protagonistas.
Os
principais autores da tragédia grega foram:
v
Ésquilo, a quem a tragédia
grega deve seu ponto de perfeição artística e formal. Ele incorporou o conceito
de democracia em suas obras e acredita-se que tenha escrito em torno de noventa
tragédias, porém apenas setenta e nove títulos chegaram ao conhecimento do
público da contemporaneidade. Em Prometeu Acorrentado, o autor representa o conflito
entre o poder dos deuses e a vontade humana, protagonizado por um filho de
Titãs que rouba o fogo dos deuses para dar aos mortais.
v
Sófocles escreveu verdadeiras
composições poéticas à democracia, pregando abertamente que somente ela poderia
aproximar os homens dos deuses. Dos cento e vinte três dramas
que escreveu, apenas sete tragédias e os restos de uma sátira chegaram até nós.
Tem seu
ápice em Édipo Rei ao envolver uma situação complexa na qual Édipo vem ao mundo
com o dever de matar Laios, seu próprio pai e se casar com própria mãe e quando
descobre toda a verdade arranca os próprios olhos e essa relação conflitante de
amor e ódio serviu como base para Freud desenvolver a psicanálise.
v
Eurípedes é visto por muitos como o
primeiro psicólogo, pois se dedicava ao estudo das emoções na alma humana,
principalmente nas mulheres. Ele concede a suas personagens o direito de hesitar, de
duvidar, Aristóteles o chamou de o "maior dos
trágicos", porque suas obras conduziam a uma reflexão - catarse - que os
demais trágicos não conseguiam. Entre suas obras está Medeia, uma tragédia que foca o papel
da mulher na Grécia antiga, considerada como fraca e tinha por obrigação cuidar
de casa e dos filhos. Na obra, o coração partido e humilhado de Medeia abre
espaço ao ódio e por vingança tira do seu ex-marido a sua família, matando até
seus próprios filhos.
Conclui-se
que Ésquilo via a tentação do herói trágico como um engano que condenava a si
mesmo pelos próprios excessos. Entretanto, Sófocles superpõe o destino da malevolência
divina à disposição humana para o sofrimento e Eurípedes rebaixa a providência
divina ao poder cego do acaso como um cético que duvidava da existência da
verdade absoluta.
As
tragédias gregas mostravam como os homens passavam por momentos horrendos por
não aceitar a vontade divina.
Origem
da Comédia Grega
As comédias eram histórias engraçadas chamadas
sátiras, que são gozações da vida. Sua origem é a mesma da tragédia: as festas ao
deus Dioniso. A palavra comédia vem do grego "komoidía" ‘komos’=festas,
farras e oidos=poeta, cantor. Foi um período em que a liberdade de
expressão atingiu um valor imenso, porém apenas os homens tinham direito a
participar, enquanto que as mulheres e os escravos não poderiam fazer.
As procissões realizadas nas festas ao deus
Dioniso, na comédia, eram em duas formas: em uma, os jovens saíam fantasiados
de animais, batendo de porta em porta pedindo prendas e brincando diretamente
com as pessoas e na outra faziam uma celebração da fertilidade da natureza. E mesmo
as representações da comédia sendo realizada nas festas dionisíacas, ela era considerada
um gênero menor que a tragédia.
A comédia grega foi marcada por dois
períodos: a comédia antiga e a comédia nova.
Na comédia
antiga (ática) a intenção era
satirizar personalidades vivas até mesmo os deuses, além de fazer alusões
jocosas aos mortos. Os atores usavam máscaras e as retiravam nos intervalos e
falavam com o público para definir a conclusão da primeira parte.
Aristófanes foi o autor destaque no período da comédia
antiga, ele era ligado ao partido aristocrata e combatia a demagogia e um dos
principais méritos de suas obras consiste no diálogo vivo e inteligente, agudez
nas paródias, na criatividade das cenas e no lirismo de seu coro.
Com a rendição de Atenas a Esparta, na Guerra
do Peloponeso, a democracia teve fim e com ela a comédia ática, surgindo a comédia nova, com uma temática em torno
de problemas sentimentais, intrigas, brigas e todos os tipos de costumes de situações
cotidianas, com uma linguagem mais comportada e sem as sátiras violentas. As
personagens eram as pessoas do povo, como os escravos, militares, cozinheiras e
alguns nobres.
Um dos autores que mais bem representa esse
período é Menandro, considerado o principal comediógrafo dessa
fase, mais de 100 peças chegaram até nosso conhecimento, cuja força reside na
caracterização, na motivação das mudanças internas, o coro já pouco presente na
comédia antiga desaparece completamente nas obras de Menandro. Em “O misantropo”
se encontram valores ligados a uma concepção racionalista de política social
que proporcionaria uma reforma nos costumes de Atenas.
A comédia antiga e a comédia nova possuem
muitas diferenças, na primeira o coro tem seu espaço resumido e na outra
desaparece completamente. As temáticas na comédia antiga fazem sátiras
violentas, linguagem chula e relações humanas, enquanto que na comédia nova se
utiliza uma linguagem comportada, mostrando as emoções do ser humano.
Tragédia X Comédia
Tragédia:
•Estilo nobre e elevado, que desperta, fatalidade, purgação, compaixão,
piedade, terror.
•Herói: Rei, pessoas ilustres e com poder, etc.
•Fundamentava-se na temática mitológica.
•Júri composto por pessoas escolhidas pelo magistrado. Pessoas de famílias
aristocráticas e que se destacavam na sociedade.
Comédia:
•Retratação de aspectos caricaturados ou fantásticos;
•Herói: Palhaço, bobo, inocente, santo, idiota, trapalhão, fingidor,
etc.
•Não possuía nenhum padrão rígido de fundamentação mitológica. Elaborava
críticas ao político, governantes e costumes da época.
•Júri composto por cinco pessoas da platéia escolhidas por sorteio.
REFERÊNCIAS:
ALENCAR, Valéria
Peixoto. Teatro grego: diferenças entre tragédia e comédia. Disponível em http://educacao.uol.com.br/artes/teatro-grego-diferencas-entre-comedia-e-tragedia.jhtm
Acesso em 15 de agosto de 2012.
BERTHOLD, Margot.
História Mundial do Teatro, 4ª. ed, São
Paulo, Perspectiva, 2008.
CARLSON, Marvin.
Teorias do teatro: estudo histórico-crítico, dos gregos à atualidade. Tradução
de Gilson César de Souza. São Paulo, Fundação Editora da UNESP, 1997.
MOTA, Mota. Imaginação
dramática, 1ª. ed, Brasília, 1998.
SANTOS, Fabiana
G. Teatro Grego, tragédia e comédia. Maio de 2012. Disponível em http://fabianaeaarte.blogspot.com.br/2012/05/teatro-grego-tragedia-e-comedia.html
Acesso em 16 de agosto de 2012.
WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Teatro Grego. Junho de 2011.
Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teatro_na_Gr%C3%A9cia_Antiga Acesso em 16 de agosto de 2012.